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O privado e o público

Compreendendo a necessidade de explanar sobre as esferas que compõem o ser mulher, comecemos então a falar sobre o público versus o privado e onde ela se insere nesta relação. Tomamos por ponto de partida o privado e o público como uma dicotomia análoga à mulher e ao homem. Esta analogia pode ser melhor compreendida com o que diz Zaida Muxi (2014) sobre o gênero como sendo o agente responsável pela outorga de espaços e prioridades, mencionando o privado e o público como “pares complementares e antagônicos”. Zaida complementa em outro trecho sobre a supressão da subjetividade feminina em detrimento da identidade masculina como sendo a predominante. É possível correlacionar facilmente estas reflexões à forma de como o espaço vem sendo produzido.

“A representação mais persuasiva de espaço/gênero é o paradigma das ‘esferas separadas’, um sistema de oposições e hierarquias que consistiu no domínio do espaço público pelo homem (a cidade) e na subordinação do espaço privado feminino (a casa). Esta ideologia separa claramente a cidade da casa, o público do privado, a produção da reprodução, o homem da mulher. [...] se o homem assume o papel de construtor ativo do espaço, em teoria, relega-se a mulher ao papel passivo de ocupante.” (ANTUNES, 2015, p15, grifo meu)

Retomando os pensamentos de Zaida Muxi (2014), é apenas na ressignificação da construção das cidades, tendo como partida a percepção das experiências de mulheres e de homens sem distinção, que teremos a convergência das duas maneiras de enunciar a realidade, ao contrário do que acontece atualmente, onde “a mulher vive uma realidade mediada e vivida por outros, uma realidade que não lhe cabe” .

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